quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Força e Superação: Herbert Vianna


Aos idiotas: o meu silêncio. - Embora para eles não fará diferença alguma, pois nem isso entenderam.


Herbert nasceu em João Pessoa, mas devido à vida militar de seu pai, o brigadeiro Hermano Viana, mudou-se ainda criança para Brasília, onde conheceu Bi Ribeiro. Ao se mudarem para o Rio de Janeiro fundaram os Paralamas (mas alguns consideram os Paralamas parte da “turma de Brasília”, como Capital Inicial e Legião Urbana) com o amigo Vital Dias na bateria.

Após substituírem Vital por João Barone, Herbert compôs a música “Vital e Sua Moto”, em homenagem ao amigo, a qual se tornou o primeiro sucesso dos Paralamas e que renderia o contrato com a EMI

Depois de 10 anos de sucesso da banda, Herbert gravou o disco-solo "Ê Batumarê" (1992). Mais dois seriam gravados, "Santorini Blues"(1997) e "O Som do Sim" (2000), cheio de participações como Cássia Eller, Fernanda Abreu, Nana Caymmi, Sandra de Sá e Marcos Valle.

Em fevereiro de 2001, o Brasil parou diante do noticiário: Herbert Vianna, líder dos Paralamas do Sucesso, havia sofrido um grave acidente aéreo e estava entre a vida e a morte.

Herbert desde cedo gostou de pilotar helicópteros e ultraleves. Em 2001, Herbert passou pelo momento mais crítico de sua vida. No dia 4 de fevereiro, sofreu um acidente aéreo em Mangaratiba, RJ, quando o ultraleve que pilotava caiu no mar, na baía de Angra dos Reis. No acidente, Lucy (sua esposa na época) morreu e Herbert ficou internado durante 44 dias, parte deles em estado de coma. O músico ficou paraplégico e perdeu parte da memória depois do acidente, porém, em um processo de recuperação gradual, retomou sua carreira, voltando aos palcos, e já tendo gravado quatro álbuns após o acidente: Longo Caminho (2002) -preparado antes do acidente-, Uns Dias (2004) -ao vivo-, Hoje (2005) e Brasil Afora (2009).

Mas a história teve um final feliz e agora vira filme, o documentário “Herbert De Perto”.

Dirigido por Roberto Berliner e Pedro Bronz, o longa-metragem mostra a trajetória do músico desde o lançamento dos Paralamas, nos anos 1980, até sua luta pela recuperação e o surpreendente retorno aos palcos, em 2002. “Minha principal motivação foi a história de amizade que tenho com esse grande cara, que é um exemplo de superação para todos nós”, diz Berliner, que conhece Herbert há 26 anos.      
                                                                                                             
Após o acidente, que matou a mulher de Herbert, Lucy, e o deixou paraplégico, o cantor enfrentou um longo período de recuperação das graves lesões neurológicas que sofreu. Entretanto, o filme tenta manter distância do clima dramático para atender, segundo os diretores, a um pedido do próprio Herbert. “Ele disse que não queria uma direção que fizesse chorar”, conta Berliner.

Retrato de uma geração:
A produção mescla imagens de arquivo e entrevistas realizadas com pessoas próximas a Herbert, como seus companheiros de grupo, Bi Ribeiro e João Barone, seu irmão Hermano Vianna e o amigo Dado Villa-Lobos. “O maior desafio foi reunir todo esse material, que veio de diversas fontes. Não é apenas um perfil do Herbert, é um retrato também de toda uma geração”, afirma Berliner.

Herbert Vianna é amigo de Jimmy Page, lendário guitarrista do Led Zeppelin. Quando sofreu o acidente a partir do qual ficou paraplégico, Page veio da Inglaterra visitá-lo no Rio de Janeiro e vê-lo como estava, pessoalmente. Herbert, numa situação anterior, havia lhe dado uma guitarra de presente.


"Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas. Mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração? Uma coisa é saúde, outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem. Religião, é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação. Amor, é cafona. Sinceridade, é careta. Pudor, é ridículo .Sentimento, é bobagem. Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não! Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso. A máxima moderna é uma só:  "pagando bem que mal tem?" A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa, a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa. Não importa o outro, o coletivo. Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada. 
Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal, mas... uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, e turbinados aos 20 anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude. Que eu me acalme e que o amor sobreviva. "Cuide bem do seu amor, seja ele quem for ."

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Jim Morrison: Rider on the Storm



Se exponha aos seus medos mais profundos, depois disso, o medo não terá poder nenhum.


      
Jovem poeta que queria fazer cinema, mas se torna famoso como cantor de uma banda de rock, e vira uma lenda quando morre do coração, aos 27 anos. 
A vida de Jim Morrison parece um filme. Estrelado por um galã culto e sexy, doidão e sem limite, em 6 anos de carreira vertiginosa, se tornou um dos maiores ícones da história do rock.

     Filho de um almirante durão, e uma mãe ultra-religiosa, Morrison foi um adolescente curioso, ávido leitor de poesia, e sempre em busca de novas sensações. Com 20 anos, entrou pro curso de cinema da Universidade da Califórnia, e caiu na gandaia.

     Tomando todas, fumando tudo, e vivendo nas ruas. Formado em cinema, reencontrou o antigo colega, o tecladista Ray Manzarek, e decidiram fazer uma banda de rock. O resto é história.

     O  nome da banda foi inspirado no livro: As portas da percepção de Aldous Huxley, sobre o uso de plantas psicodélicas pra ampliar a percepção. Que os discos e shows de Jim Morrison, seguiam à risca.
     
     Várias vezes ele saiu algemado do palco, preso por bebedeira, obscenidade, e atentado ao pudor. Era parte do seu show.
     Com o fim da banda, Morrison foi morar em Paris, e aos 27 anos foi encontrado morto em uma banheira. 
     Entre as suspeitas de overdose, e o atestado de óbito de infarto, a única certeza é que o poeta morreu do coração. 

     No ano passado, foi lançado o documentário "Quando você é estranho", contando a história vitoriosa, caótica, e ás vezes assustadora do The Doors, numa época turbulenta, em que o psicodelismo, a sexualidade e a política, moviam uma geração que queria mudar o mundo.


     Jim Morrison não foi um grande cantor, nem um poeta e compositor excepcional, mas o filme da sua vida louca e breve, está em cartaz há 40 anos, estrelado por um personagem místico e carismático, que encarnou o melhor, e o pior da sua geração.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Da série: Músicas Geniais - Julinho Marassi e Gutemberg (Aos Meus Heróis)


O primeiro post da série "Músicas Geniais", conta com uma composição simplesmente perfeita de Julinho Marassi & Gutemberg, chamada "Aos Meus Heróis".



Faz muito tempo que eu não escrevo nada
Acho que foi porque a TV ficou ligada
Me esqueci que devo achar uma saída
E usar palavras pra mudar a sua vida.

Quero fazer uma canção mais delicada
Sem criticar, sem agredir, sem dar pancada
Mas não consigo concordar com esse sistema
E quero abrir sua cabeça pro meu tema.

Que fique claro, a juventude não tem culpa
É o 'eletronic' fundindo a sua cuca
Eu também gosto de dançar o pancadão
Mas é saudável te dar outra opção.

Os meus heróis estão calados nessa hora
Pois já fizeram, escreveram a sua história
Devagarinho eu vou achando o meu espaço
Mas não me esqueço das riquezas do passado.

Eu quero a bênção de Vinícius de Moraes
O Belchior cantando 'Como Nossos Pais'
E se eu quiser falar com o Gil sobre o Flamengo?
O que será que o nosso Chico tá escrevendo?

Aquelas rosas já não falam de Cartola
E do Cazuza te pegando na escola
Tô com saudades de Jobim com seu piano
E o Fábio Júnior com seus vinte e poucos anos.

Se o Renato teve o seu tempo perdido
O rei Roberto outra vez o mais querido
A agonia do Oswaldo Montenegro
Ao ver que a porta já não tem mais nem segredo.

Ter tido a sorte de escutar o Taiguara
E 'Madalena', de Ivan Lins, beleza rara
Ver a Morena Tropicana do Alceu
Marisa Monte, me dizendo 'beija eu'.

Beija eu, beija eu, deixa que eu seja eu.
Beija eu, deixa eu, deixa que eu seja eu.

O Zé Rodrigues em sua casa no campo
Levou Geraldo pra cantar num dia branco
No chão de giz do Zé Ramalho eu escrevi
Eu vi Lulu, BenJor, Tim Maia e Rita Lee.

Pedir à Alberto um novo sol de primavera
Ver o Toquinho retocando a aquarela
Ouvir o Milton lá no clube da esquina
Cantando ao lado da rainha: Elis Regina.

Quero o silêncio e documento: Caetano
O Djavan mostrando a cor do oceano
Vou caminhando e cantando com Vandré
E a outra vida Gonzaguinha, o que é?

Atenção DJ, faça sua parte 
Não copie os outros, seja mais smart
Na rádio ou na pista, mude a sequência
Mexa com as pessoas e com a consciência.

Se você não toca letra inteligente
Fica dominada, limitada a mente
Faça refletir DJ, não se esqueça:
Mexa o popozão, mas também a cabeça.

A cabeça, a cabeça
A cabeça DJ.
A cabeça.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

18 Anos sem Kurt Cobain: A História do ídolo eterno


      Filho de uma família humilde de Aberdeen, Kurt era muito feliz, era uma criança super-ativa mas, como muitas crianças de sua geração, também havia tomado a droga Ritalin, que reduz a atividade das crianças com hiperatividade. Kurt havia começado a mostrar interesse em música quando tinha apenas 2 anos de idade, quando sua tia lhe deu discos dos Beatles de dos Monkees.   
Um dos discos favoritos de Kurt era Alice's Restaurant, de Arlo Guthrie.

     Com 3 anos, Kurt já não gostava de policiais. Quando os via, começava cantar "Xingue os policiais, xingue os policiais, os policiais estão vindo, eles vão te matar!" Dois anos mais tarde, ele enchia latas de refrigerante com pedrinhas e jogava em carros de polícia, só que nunca acertou. Foi mais ou menos nessa época que Kurt aprendeu a levantar o dedo do meio de forma "honrosa". 
     Sua tia Mary lhe deu um bumbo de bateria quando ele tinha apenas 7 anos. Kurt era muito ousado e saia pelas ruas cantando músicas como "Hey Jude" e "Revolution", dos Beatles. Além de tudo isso ele também era um desenhista; todos achavam que suas pinturas eram ótimas, menos ele.

     Até a 3ª série, Kurt queria ser um astro do rock. Don e Wendy (seus pais) compraram uma pequena bateria do Mickey Mouse. Ele a tocava todo o dia, até ela ficar completamente acabada. Kurt teve aulas de bateria com 9 anos. Sempre teve problemas de saúde. Mesmo quando criança sofria de hiperatividade e bronquite crônica. No oitava série, descobriram que Kurt tinha um pequeno grau de escoliose, uma curvatura na espinha que com o passar do tempo e com o peso da guitarra, ficou ainda pior.

     Aos 8 anos seus pais se divorciam. É Wendy que relata o que aconteceu com seu filho: "Até que tivesse dez ou onze anos de idade, eu não percebia que era diferente dos outros garotos da escola. Eu comecei a perceber que ele gostava mais de desenhar e ouvir música, mais do que os outros garotos. Isso foi se desenvolvendo lentamente e eu comecei a perceber. Então, quando fez 12 anos, Kurt estava completamente isolado."

     Convencido de que nunca encontraria alguém como ele, Kurt parou de tentar fazer amigos. "Essa cidade... Se fosse em qualquer outra cidade ele estaria bem, mas nessa cidade todos vigiam todos e os julgam, e há lugares em que querem que as pessoas fiquem, e ele não ficava.", diz Wendy. 
      Kurt estava muito irado com a separação dos pais e com o novo namorado de Wendy, que ele chamava de "um esquizofrênico paranóico, o grande e cruel surrador de esposas, etc..." Kurt descontava em qualquer um sua raiva. Wendy não conseguia mais controlá-lo, até que mandou que ele fosse morar com Donald em seu Trailer em Montesano. Kurt não se dava bem com sua nova família. Sua "nova mãe" dizia: "Até hoje não consigo pensar em uma pessoa mais falsa".  Kurt faltava a escola e se recusava a fazer tarefas domésticas. Don queria que Kurt fosse um pequeno adulto, não uma criança.

     Nesse meio tempo, Kurt começou a descobrir novas músicas além das que ele conhecia. Seu pai começou a montar uma coleção de discos depois de alguém conseguir convencê-lo a entrar no "Clube do Disco". Todos os meses vinham discos de bandas como Aerosmith, Led Leppelin, Black Sabbath, Kiss, etc... Kurt começou a se relacionar com caras que usavam cabelos enfrescalhados e camisetas do Kiss. "eles fumavam maconha e eu os achava mais legais do que os caras de minha classe que assistiam Happy Days. Eu  conversava e dividia meus problemas." 
     A vida de Kurt foi muito sofrida, pois duas vezes ao ano ele mudava de Aberdeen para Montesano, e também mudava de escola.

     No seu aniversário de 14 anos, Kurt ganhou uma guitarra e um amplificador de 10 watts de seu tio Chuck. Em uma semana e meia de aula, já conseguiu aprender "Back in Black" do AC/DC.   Nesse mesmo ano, Kurt diz não ter conseguido fazer nenhuma nova amizade, pois achava que Aberdeen era uma cidade maior, e ele não era superior a ninguém por lá. Kurt adorava a idéia do Punk Rock, mesmo sem saber direito como era (em Aberdeen, não se vendiam discos do gênero).

     Alguns anos mais tarde, ele conseguiu um disco do Clash e ficou muito decepcionado, pois tinha uma outra visão do Punk Rock. "Foi realmente algo muito bom. Eu pensava nisso como um emprego, era minha missão. Eu sabia que tinha que praticar. Assim que eu ganhei minha guitarra fiquei obcecado por ela. Durante todo o tempo que tocava sentia que estava fazendo algo especial. Eu sabia que era melhor, mesmo sem poder provar na época. Sabia que tinha algo a oferecer e que poderia provar que conseguiria escrever algumas músicas boas - que eu iria contribuir com algo para o rock n'roll". Dizia Kurt.

     Naquela época, Wendy se casou novamente com Pat O'Connor. Pat estava bebendo muito na época e Wendy tinha muitos problemas - ela não achava que conseguiria se dar bem com Kurt novamente, mas ele acabou conseguindo convencê-la e recebê-lo. "Passei meses falando com ela todas as noites e chorando no telefone, tentando fazer com que ela me aceitasse." Disse Kurt.  
     Uma vez, Pat passou um dia inteiro fora de casa, e só voltou no outro dia de manhã às 7:00, bêbado e cheirando à mulher, como disse Wendy. Foi então que dois caras entraram na loja para encher o saco dela. "Ei, onde estava Pat a noite passada?". Wendy ficou doida e se embebedou com outra amiga. Depois foi para casa explodiu com Pat. Na frente das duas crianças ela pegou uma das várias armas do armário e ameaçou atirar nele, mas não sabia carregar armas. Então ela pegou todas as armas e as levou para a rua, enquanto Kim levava uma grande sacola de balas até ela. Daí vem a história do malandro Kurt, que pagou alguns amigos para pegrem de volta as balas e depois as vendeu. O menino esperto comprou seu primeiro amplificador com o dinheiro dessa venda. Depois disso, ele levou o cara que vendeu o amplificador até onde ele comprava maconha e o sujeito gastou o dinheiro da venda. Kurt tocava sua guitarra muito alto. Todos os vizinhos reclamavam. "Ninguém sabia que ele um dia estaria tocando nos aparelhos de som de seus quartos". Diz Wendy - "Pat e eu ouvimos, colocamos nossos ouvidos na porta, fizemos caretas e dissemos que era melhor ele continuar com a guitarra."


     Anos mais tarde Kurt Cobain tornou-se um angustiado poeta da chamada geração X. Ao expressar seu profundo desespero pessoal, Cobain encontrou eco entre jovens na faixa dos vinte anos, também às voltas com suas próprias frustrações. Jovem problemático, Kurt Cobain voltou-se para música e depois para a heroína em busca de alívio. Junto com o baixista Kris Novoselic, formou o Nirvana em 1986 e, depois de experimentar diversos bateristas, completaram o trio em 1989 com Dave Grohl. A banda, cujo estilo se originava do rock punk, combinava a fúria desse gênero (eles freqüentemente destruíam os equipamentos durante as apresentações), com o som ensurdecedor de versos angustiados, característica que, juntamente com os jeans rasgados e as camisetas de flanela, compôs o que acabou conhecido como rock grunge.

     Em 1989 o Nirvana (sem Grohl), lançou o primeiro disco, "Bleach", que amealhou adeptos do movimento da contracultura universitária. O segundo disco, "Nevermind", incluía o canto estridente de "Smell like teen Spirit", que se tornou uma espécie de hino entre os adolescentes. A inesperada elevação de Cobain ao estrelado com três discos de platina conferiu ao artista uma notoriedade que ele abominava.

     No disco seguinte, "In Utero" (1993), Cobain atacou sua fama: "Não quero o que tenho"
Ele e sua mulher, Courtney Love, também viciada em heroína, perderam temporariamente a custódia de sua filha quando a cantora e líder da banda neo-punk "Hole", admitiu haver tomado drogas durante a gravidez. Em março de 1994, durante uma turnê do Nirvana pela Europa, Cobain foi levado às pressas para o hospital devido a um coma produzido pela mistura de álcool e drogas. Conseguiu recuperar-se, mas um mês depois o corpo do artista foi encontrado em sua casa, nos Estados Unidos, três dias depois de dar um tiro na cabeça.

     Naquele dia, 8 de abril de 1994, Seattle - o mundo parou. Kurt Cobain morre, mas fica para a história, deixando o exemplo do que era o rock para ser seguido, por que o rock naquele dia havia morrido, mas se Kurt o ressuscitou uma vez, por que não ressuscitar novamente? Junto com Kurt Donald Cobain, morre o Nirvana, um dos grupos mais importantes dos anos 90.

  
'' ... Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo ... ''

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Rapidinha: O Sentido da vida, segundo Johnny Ramone

"Fico honrado que as pessoas ainda gostem de nós e as pessoas continuam 
legais comigo."



     Quando se fala sobre personalidades dos componentes de bandas eternas como Beatles e Ramones, as histórias são gravadas em pedra. Paul era o bom moço; George, o místico caladão; John, o irônico; e Ringo, o sortudo. Ramones tinha Dee Dee (baixista) como junkie de plantão, Joey (vocalista) como mais acessível e injustiçado, e Johnny (guitarrista) como redneck escrotão.

     A auto-biografia do último, Commando, recém lançada, não serve para dourar a pílula. - Ainda Bem.
Dizem que "The KKK Took My Baby Away" (algo como: "A Ku Klux Klan levou embora minha garota"), foi composta por Joey em "homenagem" ao "amigo" guitarrista que roubara-lhe a namorada. Um cara que conheceu ambos, e a história desmentiu, dizendo que Joey compôs para o pai dele, que não aprovava seu namoro com uma negra. Enfim...

     Johnny era conhecido pela sua personalidade volúvel e controladora, postura anti-social, e extrema rigidez na regência interna dos Ramones. O documentário "End of the Century: The Story of the Ramones", traz relatos de antigos amigos, e do próprio Johnny sobre sua postura nada amigável durante a juventude. Era o empresário interno dos Ramones, criando e impondo regras a serem seguidas com o intuito do bom funcionamento e manutenção da banda.

     Pai da guitarra punk e uma enorme influência sobre o metal moderno orientado por riffs, Johnny Ramone é um dos grandes anti-heróis do instrumento. John Cummings fez seu nome com uma guitarra Mosrite barata, sobre a qual ele martelou Power Chords em alta velocidade em um estilo devastador e minimalista que se tornou apropriadamente conhecido como “serra circular”.       

     Um motor de ritmo puro, Johnny quase nunca tocava solos, mas seu estilo tinha o impulso de um trem que vem chegando à estação em alta velocidade. Em uma era na qual “pesado” era sinônimo de “lento”, o suingue primitivo e metronômico de seus riffs em “Blitzkrieg Bop” e “Judy Is a Punk” e os grilhões do trampolim pop de “Rockaway Beach”, mostraram que dava para acelerar as coisas sem perder um centímetro de potência – um tanto surpreendentemente, já que seu herói na guitarra era Jimmy Page.




     
     Em 15 de Setembro de 2004, aos 55 anos, Johnny perdia a batalha contra o câncer de próstata. O rock se despedia de um músico, que é, até hoje, um dos maiores ícones do movimento punk.

     Ao lado de grupos como o Sex Pistols e o The Clash, eles definiram toda uma estética e uma maneira de tocar que tornaria o punk uma das maiores revoluções dentro do rock and roll. O lema “do it yourself”, o,  faça você mesmo, era levado às últimas consequências e norteava o estilo. Fugindo do som progressivo de grupos como o Yes, com seus solos intermináveis e virtuosismo, por vezes, exagerado, os punks procuravam ser os mais diretos e agressivos possíveis, tanto no som como no visual e nas letras.

     Johnny foi um dos fundadores dos Ramones. Sua forma de tocar, usando correias bem folgadas posicionando a guitarra perto dos joelhos, é imitada por 10 em cada 10 bandas que se consideram punks, atualmente.

     Para manter viva a história do músico, foi lançada em junho, pela editora Abrams Image, a biografia "Commando: the Autobiography of Johnny Ramone". Escrita pelo próprio guitarrista, pouco antes de morrer, e compilada pelo ex-vocalista do lendário Black Flag e da Rollins Band, Henry Rollins, e por John Cafiero, empresário da viúva de Johnny, Linda Cummings Ramone, o livro de 176 páginas foi baseado em uma série de entrevistas que o músico concedeu em seus últimos anos de vida.

     Segundo a viúva, o desejo de Johnny era de que o público realmente conhecesse a sua personalidade. "Ele queria deixar as suas últimas palavras, sabia que estava morrendo e era um personagem sempre meio mal compreendido", afirmou em entrevista.

     Confira dois clássicos dos Ramones"Poison heart" do álbum "Mondo Bizarro", de 1992 e "Pet Sematary" do disco "Brain Drain", de 1989, tema do filme "Cemitério Maldito".

"...Ninguém imaginou que este sobreviveria
Criança indefesa, andará com a batida de uma bateria perseguindo-o
Preso em seu sonho, nunca te deixará partir
Nunca te deixará rir ou sorrir, você não.
Bem, eu só quero ficar bem longe desse mundo
Porque todos tem um coração envenenado
Eu só quero ficar bem longe desse mundo
Porque todos tem um coração envenenado..."
(Poison Heart)

"...Sob o arco de tábuas manchadas do tempo,
Antigos duendes e guerreiros,
Saem da terra, sem fazer nenhum som,
O cheiro da morte está em volta,
E pela noite, enquanto o frio vento sopra, ninguém se importa, ninguém sabe
Eu não quero ser enterrado num cemitério de animais,
Não quero viver minha vida outra vez
Eu não quero ser enterrado num cemitério de animais,
Não quero viver minha vida outra vez..."
(Pet Sematary)




"Das músicas que tocamos ao vivo, todas são minhas favoritas. Se elas não fossem, eu teria me livrado delas..."

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Renato Russo: Se o amor é verdadeiro, não existe sofrimento


"Não penso em amor, ainda sou muito egoísta para ter um relacionamento honesto com alguém."


     Renato Manfredini Júnior, nasceu no dia 27 de Março de 1960 no Rio de Janeiro.
Renato Russo é considerado por muitos fãs, o irmão mais velho de toda uma geração. Uma geração que ele mesmo batizou de "Coca-Cola". Desde 1985, quando a Legião Urbana lançou seu primeiro disco, até hoje, milhões de fãs, de diversas idades, classes sociais e culturas diferentes se sentiram profundamente tocados pelas letras do cantor.

     Considerado por alguns como o líder quase messiânico dos jovens, Renato Russo refutava veementemente essa ideia, dizendo que era apenas um cantor que cantava o que as pessoas gostavam e queriam ouvir. 
     Aos 7 anos de idade foi morar em Nova Iorque, após seu pai, funcionário do Banco do Brasil, ser transferido para os Estados Unidos.

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15 ANOS: 

     Renato sofre de uma doença rara chamada Epifiólise, que tira o movimento de suas pernas.
Em 1969 a família Manfredini volta ao Rio de Janeiro, mais precisamente para a Ilha do Governador, onde ficam morando até 1973, quando mais uma vez, seu pai é transferido, desta vez para Brasília.
     A doença fez com que Renato Russo passasse o tempo todo sentado ou deitado. O período da doença dura dois anos, onde Renato estudou e leu muito, tanto que em 1977 passa direto no vestibular de jornalismo da CeuB.

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THE 42ND STREET BAND:
     Renato começa a esboçar os primeiros desejos de se tornar músico. Em sua imaginação Renato cria uma banda chamada "The 42nd Street Band", na qual ele era o vocalista, e se chamava Eric Russel. Pela primeira vez seu nome artístico começava a aparecer. "Russel" era uma homenagem a um de seus filósofos favoritos, o inglês Bertrand Russel. Mais tarde, o "Eric Russel, daria lugar ao conhecido "Renato Russo".

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O EMBRIÃO:

     Totalmente recuperado da doença, Renato começa a se envolver com o movimento punk, criado em Londres nos anos 70. Calças rasgadas e alfinete na orelha, eram o suficiente para chocar a sociedade brasileira da época.
     Em 1978, já aos 20 anos, Renato Russo realiza seu primeiro show com músicas próprias no bar "Só Cana", em Brasília. O Aborto Elétrico ia bem até que André Pretorius deixa a banda para prestar serviço militar na África do Sul. A banda então ganha dois integrantes: Flávio Lemos e Ico Ouro Preto. Nesse ano Renato conhece Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá.


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TROVADOR SOLITÁRIO:

     No ano seguinte, o Aborto Elétrico acaba por causa de diversas brigas entre Renato Russo e o baterista Fê Lemos. Renato passa a compor com mais intensidade e a realizar shows, onde ele toca violão e canta sozinho, ficando conhecido como Trovador Solitário. É nessa época que alguns clássicos do Rock Nacional como "Eu Sei" e "Química" foram escritos por Renato.

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LEGIÃO URBANA:

     "Boa noite Rio de Janeiro. Eu quero falar algumas coisas aqui. Eu vou falar de mim:
Eu tenho mais ou menos 30 anos, eu sou do signo de Áries, eu nasci no Rio de Janeiro, eu gosto da Billie Holiday, e dos Rolling Stones, eu gosto de beber pra caramba de vez em quando, também gosto de milk shake. Eu gosto de meninas, mas eu também gosto de meninos. Todo mundo diz que eu sou meio louco. Eu sou um cantor numa banda de Rock n' Roll. Eu sou letrista, e algumas pessoas dizem que eu sou poeta. 
     Agora eu vou falar de um carinha: Ele tem 30 anos, ele é do signo de Áries, ele nasceu no Rio de Janeiro, ele gosta da Billie Holiday e dos Rolling Stones, ele é meio louco, ele gosta de beber pra caramba. Ele é cantor numa banda de Rock. Ele é letrista, e eu digo, ele é poeta. Todo mundo da Legião queria dedicar esse show, ao Cazuza." 
(Homenagem de Renato Russo à Cazuza, na abertura do show no Jockey Clube em 1990)
   




     Renato convida Marcelo Bonfá para formarem uma banda chamada "Legião Urbana".
Sabendo do talento de Renato, o baterista aceita imediatamente e convida o guitarrista Eduardo Paraná e o tecladista Paulo Paulista para fazerem parte da nova banda. Paraná deixa a Legião Urbana para estudar violão clássico em Tatuí, interior de São Paulo. Um mês depois de entrar na banda Ico Ouro Preto também sai da Legião e finalmente em Março de 1983, Dado Villa-Lobos é convidado para assumir definitivamente a guitarra.
     
     Vindos de uma juventude punk forjada sob o olhar da classe média de Brasília, centro do poder no período militar, um grupo de amigos, conhecidos como a Turma da Colina, tinha muito pra dizer. Cultos, com formação em bons colégios, viajados, eles foram se encantar logo pela anarquia punk. Natural em uma cidade em qua a impunidade era comum para quem está tão próximo ao poder. A Legião Urbana surgiu nesse cenário, na sequência de dois projetos musicais cujos nomes eram tão opostos quantos complementares: Aborto Elétrico e Trovador Solitário. Em comum entre eles, a figura de Renato Russo, cuja personalidade poderia ser deduzida a partir destas personas artísticas que ele havia criado e batizado. Da Turma da Colina, se juntaram a ele Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos. Com o trio, o núcleo criativo se constituiu e daí uma nova história começa para os três.

     Brasília era ainda uma ilha cultural em relação ao resto do país. Afora a genialidade da arquitetura de Oscar Niemeyer, até 1978, a  história curta da nova capital não lhe atribuíra ainda nenhum momento particularmente brilhante nas artes, até porque não havia sido formada a primeira geração de artistas brasilienses. Estes estavam surgindo, justamente ali, com a cara que aquelas duas primeiras décadas tinha tido na cidade. Começa-se, então, a saber que a capital tem um olhar muito particular sobre o país que a cerca. Naturalmente, esse ponto de vista se apresenta pelos gritos jovens. O primeiro alvo, lógico, era o vestibular. Passando por ele, Brasília também entraria na vida adulta. “Química” era um dos hinos do Aborto Elétrico e foi a primeira canção daquela turma a ser gravada em fonograma e lançada em LP e K7 por todo o país. A responsabilidade disso foi de “amigos que estavam lá no Rio”, os Paralamas do Sucesso. Naquele momento, os ouvidos do Sul descobriam um novo jeito de se escrever letras e de se cantar. Esse novo modo vinha acompanhado de assinatura: Renato Russo. Não tardou para que Jorge Davidson, o cara que lançara os Paralamas do Sucesso, quisesse lançar também aquela nova joia que surgia na sua frente. Logo em seguida, eram eles, Renato, Dado e Marcelo, que estavam de mudanças para o Rio. Contrato assinado, chance de gravar um disco e a tal história começa a não ser só dos três, mas de uma geração inteira.

     Entraram em cena acelerando o andamento da música jovem brasileira. Com ares punks e guitarras distorcidas, assumiam a voz daqueles que tinham crescido sobre o período militar chamando-os de “Geração Coca-Cola”, num texto que punha o dedo na cara dos mais velhos, sem deixar de cutucar a própria ferida. Um misto de desabafo e autocrítica que não poupava ninguém. Mas não eram só isso. Eles também sabiam chegar com canções redondas. “Ainda é Cedo” e “Por Enquanto” se tornaram duas das músicas mais regravadas por outros artistas nos anos seguintes.

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1984:

     A Legião Urbana fecha contrato com a EMI e Renato volta para o Rio de Janeiro.
     No ano seguinte, Renato Rocha é convidado por Bonfá para assumir o baixo da Legião Urbana, deixando Renato Russo mais livre para cantar. Em outubro de 1984 a Legião fecha contrato com a EMI e, em janeiro de 1985, lança seu primeiro disco, com sucessos como “Será”, “Ainda é Cedo”, “Geração Coca-Cola” e “Por Enquanto”. Em agosto, os integrantes da banda deixam Brasília e vão morar no Rio de Janeiro. Renato volta para sua antiga casa na Rua Maraú, na Ilha do Governador.
     Com o sucesso do primeiro disco, Renato Russo começa a compor muitas músicas para o novo trabalho. A banda desejava lançar um disco duplo chamado "Mitologia e Intuição", mas acabou lançando um disco simples, com 12 faixas. Para muitos, o disco "Dois", gravado entre janeiro e março de 1986 é o melhor disco da história do rock nacional.
     Em dezembro de 1987 é lançado o terceiro disco da banda, o "Que País É Este", com músicas compostas na fase do Aborto Elétrico. A Legião Urbana começa a ganhar status de maior banda de rock do Brasil, o os seus shows estão sempre lotados. Estoura nas radios de todo o Brasil o épico “Faroeste Caboclo”, uma paulada de quase dez minutos e 159 versos, nenhum repetido.

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ESTÁDIO MANÉ GARRINCHA:

      A banda enfrentou um dos piores momentos da sua carreira.
    A Legião Urbana era amada na cidade mais ou menos como os Beatles em Liverpool. Todo mundo foi ao Mané Garrincha. Todo mundo mesmo. Os 50 mil presentes compraram ingressos, ou não, e lotaram o gramado, as cadeiras e as arquibancadas do estádio. Ninguém queria perder a volta do ídolo, um ano e meio depois da última passagem por lá.
      A noite começava entretanto de maneira tensa. Do lado de fora, a polícia montada avançava com os cavalos sobre as transamazônicas filas que se formavam e davam a volta no estádio. O caos era tão grande que tiveram a brilhante idéia de liberar as roletas. Quem tinha ingresso entrava. Quem não tinha entrava também.
      A aparição da banda no palco pareceu a volta do Messias. E, de certa forma, era mesmo. O público gritou enlouquecidamente quando o show começou, triunfal, com Que País é Esse?, música de mesmo nome do recém-lançado disco, que até então já tinha vendido mais de 400 mil cópias. 

      Mas, como se sabe, tudo degringolou. O que aconteceu naquela noite muita gente ainda se lembra: bombinhas explodiram no palco, um louco agarrou Renato Russo no meio de Conexão Amazônica, brigas explodiram por toda parte, o cantor xingou a platéia, a platéia xingou o cantor. Um clima de quase guerra civil. 

      O grupo saiu do palco depois de 50 minutos de apresentação. O público, indignado, iniciou um quebra-quebra. A polícia, claro, não conseguiu controlar a catarse coletiva. Resultado: A Legião nunca mais tocou em Brasília.

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AS QUATRO ESTAÇÕES:

       Lançado em novembro de 1989, estoura em todo país, vendendo mais de um milhão de cópias e lançando de vez a Legião Urbana para o estrelato. 
Nos dias 11 e 12 de agosto de 1990 a Legião fez dois impressionantes shows no Parque Antártica, em São Paulo, para mais de 80mil pessoas. Os fãs, cada vez mais fervorosos, acompanham cada passo da carreira de Renato Russo e fazem um trocadilho com o nome da banda a chamando de “Religião Urbana”, fato que incomodava profundamente o cantor, que rechaçava essa idéia.

     Em dezembro de 1991 o disco "V" é lançado pela EMI Odeon. Nessa época Renato enfrentava uma séria crise com drogas e álcool, e a turnê de divulgação do disco foi cancelada em Natal, no Rio Grande do Norte, apenas um mês após seu início.

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ACÚSTICO MTV:

     A Legião Urbana gravou no Hippodromo, em São Paulo, o especial Acústico MTV.
     O Acústico foi lançado sete anos depois, em outubro de 1999, em video e em CD. 
     No dia da gravação Renato Russo cantou a música “Hoje A noite Não Tem Luar”, uma versão para a música dos Menudos. Em dezembro de 1992 é lançado o disco "Música para Acampamento", com diversas gravações realizadas entre 1984 e 1992.


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THE STONEWALL CELEBRATION CONCERT:
     Renato Gravaria seu primeiro disco com 21 músicas em ingles.
     Vem aí, a carreira solo.
    O disco O Descobrimento do Brasil é lançado em novembro de 1993, e a música “Perfeição” fica em primeiro lugar nas radios de todo o país. A excursão do disco começou apenas em junho de 1994, pois em Fevereiro e Março, Renato gravaria seu primeiro disco solo: The Stonewall Celebration Concert, com 21 músicas em inglês. Os royalties do disco foram doados para a Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida, campanha do sociólogo Betinho.

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1995:

     O ultimo show da história da Legião Urbana.
   Feliz com o resultado do seu primeiro disco solo, Renato viajaria com Gilda Mattoso para a Itália, a fim de iniciar uma pesquisa para seu próximo disco solo, todo em italiano. Logo após a sua volta da Europa a Legião faria um show em Santos, na Reggae Night. Durante a apresentação Bonfá foi atingido por uma lata de cerveja. Em protesto, Renato Russo passou boa parte da apresentação, deitado no chão, olhando seu relógio. Era 14 de janeiro de 1995, e aquele foi o ultimo show da história da Legião Urbana.
   Renato dedicou o restante de 1995 para as gravações do segundo disco solo, "Equilíbrio Distante", lançado em dezembro do mesmo ano. No início de 1996, a Legião Urbana começa as gravações que resultaram no disco "A Tempestade". Mais de 30 faixas foram gravadas, apenas 15 lançadas em Setembro.

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1996:

     Morre Renato Russo em seu apartamento na rua Nascimento Silva, em Ipanema.

     Renato Russo, que se declarava católico que fazia seu próprio catolicismo, faleceu no dia 11 de outubro de 1996, ás 01h15m da madrugada, pesando apenas 45 quilos, em consequência de complicações causadas pela AIDS (era soropositivo desde 1989, mas jamais revelou publicamente sua doença). Deixou um filho, o produtor cultural Giuliano Manfredini, na época com apenas 7 anos de idade. O corpo de Renato Russo foi cremado e suas cinzas foram lançadas sobre o jardim do sítio de Roberto Burle Marx
     No dia 22 de outubro de 1996, onze dias após a morte do cantor, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, ao lado do empresário Rafael Borges, anunciaram o fim das atividades do grupo, deixando milhões de fãs órfãos. Estima-se que a banda tenha vendido cerca de 20 milhões de discos no país durante a vida de Renato. Mais de uma década após sua morte, a banda ainda apresenta vendagens expressivas de seus discos pelo mundo.
     
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Obrigado Renato Russo


Obrigado Renato Russo, por - pelo menos ter tentado - nos ensinar que é preciso amar como se não houvesse amanhã; que a felicidade mora aqui, com a gente, até a segunda ordem; e que quando se aprende a amar, o mundo passa a ser nosso. Nos ensinar que é a verdade que assombra, o descaso que condena e a estupidez que destrói, que disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza e quando se tem coragem, tem bondade. E por sempre, sempre, falar que não devemos deixar que nos digam que não vale a pena acreditar no sonho que nós temos. Por nos ensinar, também, que se quisermos alguém em quem confiar, devemos confiar em nós mesmos. E por nunca cansar de nos lembrar que todo mundo sabe, ninguém quer mais saber. Por entender nossa carência, nossa procura por alguém que um dia possa nos dizer que quer ficar só conosco. Por nos entender quando dizemos que se o mundo é parecido com o que vemos, preferimos acreditar no mundo do nosso jeito; por insistir que se entregar é uma bobagem e que o vento leva sempre tudo embora. Obrigado, por falar, inúmeras vezes, que os sonhos vem e que os sonhos vão e que o resto é imperfeito. E, acima de tudo, por nos ensinar, sempre, em qualquer frase de qualquer musica, que quando tudo está perdido, sempre existe uma luz! E nos fazer acreditar que, ao menos uma vez, o mais simples pudesse ser visto como o mais importante. Por nos ensinar a vencer os obstáculos, afinal, tudo está perdido, mas existem possibilidades. Ah, e que apenas começamos e o mundo começa agora! Entender, que, quem fala demais quase sempre não tem nada a dizer.


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"Eu acredito que não existem heróis. Existem pessoas realmente maravilhosas, figuras espiritualizadas, religiosas, que são grandes modelos para a humanidade, mas na verdade todo mundo é igual. Eu não acredito que eu tenha uma verdade a mais.
E principalmente a juventude, se a juventude cair nesse erro de acreditar que sim, ela inevitávelmente vai acabar descobrindo que seu ídolo têm pés de barro."