quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Rapidinha: O Sentido da vida, segundo Johnny Ramone

"Fico honrado que as pessoas ainda gostem de nós e as pessoas continuam 
legais comigo."



     Quando se fala sobre personalidades dos componentes de bandas eternas como Beatles e Ramones, as histórias são gravadas em pedra. Paul era o bom moço; George, o místico caladão; John, o irônico; e Ringo, o sortudo. Ramones tinha Dee Dee (baixista) como junkie de plantão, Joey (vocalista) como mais acessível e injustiçado, e Johnny (guitarrista) como redneck escrotão.

     A auto-biografia do último, Commando, recém lançada, não serve para dourar a pílula. - Ainda Bem.
Dizem que "The KKK Took My Baby Away" (algo como: "A Ku Klux Klan levou embora minha garota"), foi composta por Joey em "homenagem" ao "amigo" guitarrista que roubara-lhe a namorada. Um cara que conheceu ambos, e a história desmentiu, dizendo que Joey compôs para o pai dele, que não aprovava seu namoro com uma negra. Enfim...

     Johnny era conhecido pela sua personalidade volúvel e controladora, postura anti-social, e extrema rigidez na regência interna dos Ramones. O documentário "End of the Century: The Story of the Ramones", traz relatos de antigos amigos, e do próprio Johnny sobre sua postura nada amigável durante a juventude. Era o empresário interno dos Ramones, criando e impondo regras a serem seguidas com o intuito do bom funcionamento e manutenção da banda.

     Pai da guitarra punk e uma enorme influência sobre o metal moderno orientado por riffs, Johnny Ramone é um dos grandes anti-heróis do instrumento. John Cummings fez seu nome com uma guitarra Mosrite barata, sobre a qual ele martelou Power Chords em alta velocidade em um estilo devastador e minimalista que se tornou apropriadamente conhecido como “serra circular”.       

     Um motor de ritmo puro, Johnny quase nunca tocava solos, mas seu estilo tinha o impulso de um trem que vem chegando à estação em alta velocidade. Em uma era na qual “pesado” era sinônimo de “lento”, o suingue primitivo e metronômico de seus riffs em “Blitzkrieg Bop” e “Judy Is a Punk” e os grilhões do trampolim pop de “Rockaway Beach”, mostraram que dava para acelerar as coisas sem perder um centímetro de potência – um tanto surpreendentemente, já que seu herói na guitarra era Jimmy Page.




     
     Em 15 de Setembro de 2004, aos 55 anos, Johnny perdia a batalha contra o câncer de próstata. O rock se despedia de um músico, que é, até hoje, um dos maiores ícones do movimento punk.

     Ao lado de grupos como o Sex Pistols e o The Clash, eles definiram toda uma estética e uma maneira de tocar que tornaria o punk uma das maiores revoluções dentro do rock and roll. O lema “do it yourself”, o,  faça você mesmo, era levado às últimas consequências e norteava o estilo. Fugindo do som progressivo de grupos como o Yes, com seus solos intermináveis e virtuosismo, por vezes, exagerado, os punks procuravam ser os mais diretos e agressivos possíveis, tanto no som como no visual e nas letras.

     Johnny foi um dos fundadores dos Ramones. Sua forma de tocar, usando correias bem folgadas posicionando a guitarra perto dos joelhos, é imitada por 10 em cada 10 bandas que se consideram punks, atualmente.

     Para manter viva a história do músico, foi lançada em junho, pela editora Abrams Image, a biografia "Commando: the Autobiography of Johnny Ramone". Escrita pelo próprio guitarrista, pouco antes de morrer, e compilada pelo ex-vocalista do lendário Black Flag e da Rollins Band, Henry Rollins, e por John Cafiero, empresário da viúva de Johnny, Linda Cummings Ramone, o livro de 176 páginas foi baseado em uma série de entrevistas que o músico concedeu em seus últimos anos de vida.

     Segundo a viúva, o desejo de Johnny era de que o público realmente conhecesse a sua personalidade. "Ele queria deixar as suas últimas palavras, sabia que estava morrendo e era um personagem sempre meio mal compreendido", afirmou em entrevista.

     Confira dois clássicos dos Ramones"Poison heart" do álbum "Mondo Bizarro", de 1992 e "Pet Sematary" do disco "Brain Drain", de 1989, tema do filme "Cemitério Maldito".

"...Ninguém imaginou que este sobreviveria
Criança indefesa, andará com a batida de uma bateria perseguindo-o
Preso em seu sonho, nunca te deixará partir
Nunca te deixará rir ou sorrir, você não.
Bem, eu só quero ficar bem longe desse mundo
Porque todos tem um coração envenenado
Eu só quero ficar bem longe desse mundo
Porque todos tem um coração envenenado..."
(Poison Heart)

"...Sob o arco de tábuas manchadas do tempo,
Antigos duendes e guerreiros,
Saem da terra, sem fazer nenhum som,
O cheiro da morte está em volta,
E pela noite, enquanto o frio vento sopra, ninguém se importa, ninguém sabe
Eu não quero ser enterrado num cemitério de animais,
Não quero viver minha vida outra vez
Eu não quero ser enterrado num cemitério de animais,
Não quero viver minha vida outra vez..."
(Pet Sematary)




"Das músicas que tocamos ao vivo, todas são minhas favoritas. Se elas não fossem, eu teria me livrado delas..."

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