quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Vida e Morte: John Lennon - O homem que adorava brincar de pensar.

"...Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém notar, não fique triste.
Pois o sol toda manhã faz um lindo espetáculo,
e no entanto, a maioria da platéia ainda dorme..."



     John Winston Lennon nasceu em Liverpool em 9 de Outubro de 1940, enquanto seu pai, Fred Lennon, estava no mar, lutando na Segunda Guerra Mundial. O Sr. Fred não voltou pra casa até 5 anos depois, e quando o fez, tentou tirar o pequeno John de sua mãe, Julia, por recusar-se a retomar o casamento. Então John Lennon foi morar no subúrbio de Woolton com seu tio George e sua tia Mimi, na Av. Menlove 251. Julia morreu em 1958 em um acidente automobilístico, praticamente na frente de John.

     John rapidamente tornou-se um péssimo aluno; preferia desenhar e escrever sobre seus colegas e professores ao invés de estudar. Rebelde desde pequeno, teve uma vida escolar muito ruim, sendo muitas vezes expulso das aulas. Seu futuro era incerto até que sua dedicada tia escreveu uma carta de recomendação à Faculdade de Artes de Liverpool, por causa de seus desenhos. Foi nessa Faculdade, em 1956, que um amigo tocou para Lennon uma música de Elvis Presley, "Heartbrake Hotel", e então, seu interesse musical foi descoberto. Ouviu ainda "Rock Island Line", de Lonnie Dogan, na rádio Luxemburgo, e ficou ainda mais interessado. Tia Mimi comprou-lhe então, uma guitarra, apesar de ter-lhe dito desde o começo que ele nunca chegaria a lugar nenhum com aquilo.

     Lennon começou sua própria banda, chamada "The Quarrymen", com seu grande amigo, e colega de farras Pete Shotton, cantando músicas populares; às vezes inventando as letras quando não conseguia entendê-las no rádio. 
     Os outros integrantes do The Quarrymen eram Nygel Whalley e Ivan Vaughan, o restante da "gangue" de Lennon. 
     Foi Vaughan que apresentou Lennon ao seu amigo Paul McCartney, dando início a maior parceria da história da música.


(McCartney, Whalley, Vaughan e Lennon - The Quarrymen)

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      The Beatles


     A dupla formada por John e Paul era perfeita para escrever canções, e daria origem aos Beatles. O Grupo The Beatles foi um dos maiores fenômenos da música popular de todos os tempos. Ao longo de apenas 8 anos, os Beatles mudaram a face do rock n' roll, criando uma linguagem musical única e influenciando profundamente o comportamento dos jovens de sua época.
     Alguns de seus maiores sucessos foram: "Love Me Do" (1962); "She Loves You" (1963); "I Want You Hold Your Hand" (1963); "Can't Buy Me Love" (1964); "A Hard Day's Night" (1964); "Help" (1965); "Eleanor Rigby" (1966); "Penny Lane" (1967); "Strawberry Fields Forever" (1967); "All You Need Is Love" (1967); "Revolution" (1967); "Hey, Jude" (1968); "Don't Let Me Down" (1969); "Something" (1969); "Let It Be" (1970).

     George Martín foi o produtor responsável pela maioria dos discos dos Beatles, tanto que era chamado de o "Quinto Beatle".

(George Martin - O Quinto Beatle)


     A discografia dos Beatles lançada no mundo todo compõe-se de 22 compactos e 13 LP's oficiais. Mas os discos lançados em diversos países têm repertórios diferente das edições originais inglesas, isso porque as gravadoras locais faziam seleções incluindo faixas que tinham sido bem-sucedidas nos discos anteriores. No Brasil, a partir de "Help", seguiu-se os originais ingleses.

     Em 1963, John Lennon e Paul McCartney foram eleitos os melhores compositores do ano. Aumentou o número de shows e suas músicas não paravam de ser tocadas nas rádios. No ano seguinte os Beatles conquistaram os EUA.

     As vendagens de discos foram enormes, as excursões um sucesso, as condecorações chegavam sem parar. Milhões de fãs de todas as idades em todo o mundo geraram uma verdadeira "beatlemania". Uma rápida aparição do grupo em qualquer lugar público produzia gritos histéricos, desmaios, cartas arremessadas e muito choro.

     
(A Beatlemania)


     A crise da banda começou no final dos anos 60. John, Paul, George e Ringo não se satisfaziam com o desempenho dos Beatles nos shows. Além disso, os integrantes do grupo estavam cansados de tanto fanatismo e até de ameaças que recebiam. Em 1966 resolveram que fariam o último show nos Estados Unidos. No mesmo ano George Harrison viajou para a Índia e aprendeu a tocar cítara. John Lennon foi criticado pelo público por dizer que era mais conhecido que Jesus Cristo.

     Em maio de 1967, Lennon declarou que os Beatles não fariam mais excursões e, em 27 de agosto, o empresário Brian Epstein, foi encontrado morto em sua casa por uma overdose de drogas. A crise piorou com o fracasso de vendas de "Magical Mistery Tour".

     Em fevereiro de 1968, os Beatles viajaram para a Índia para estudar meditação transcendental com o Maharishi Mahesh Yogi. Em novembro gravaram o "Álbum Branco" e lançaram o desenho animado, "Yellow Submarine". Ringo Starr já queria abandonar a banda.

     A presença de Yoko Ono, que se tornou "o quinto Beatle" gerava incômodo ao restante do grupo. O LP "Abbey Road" foi gravado em meio a grande insatisfação.

      "Let it Be", de 1970 foi o último álbum da banda. Ainda em 1970, Paul foi à justiça para determinar oficialmente o fim dos Beatles. O sonho tinha acabado.




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Carreira Solo

     Com o fim dos Beatles, Lennon continou carreira solo, com a participação de Yoko. Lançou, entre outros, "Plastic Ono Band" (1970), "Imagine" (1971), "Mind Games" (1973), "Walls and Bridges" (1974), "Rock 'N' Roll" e "Shaved Fish" (1975). 
     Em 1975 interrompeu a carreira para se dedicar à família após o nascimento do filho Sean Lennon. Voltou ao estúdios em 1980 e lançou "Double Fantasy", seu último disco. 
     Em 1982 ganhou postumamente o Grammy por "Double Fantasy". E também postumamente é lançado, entre outros, "Milk and Honey" (1984), "Live in New York City" (1986, gravado em 1972), "Rock 'N'Roll and Walls and Bridges"(1986), "Acoustic" (2004).

     Lennon travou batalha jurídica com o Departamento de Imigração norte-americano, desde 1971 quando se mudou para Nova York, e radicalizou seu discursos e sua luta pela paz. Tornou-se amigo de ativistas de esquerda como Jerry Rubin e Abbie Hoffman, além de se aproximar de lideranças dos Panteras Negras. A administração Nixon tentou deportá-lo, mas em 1972 ele conseguiu o visto de permanência. Estava no índice das pessoas investigadas pelo FBI, fato só admitido após a sua morte.




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Morte

      Por volta de 23 horas de 8 de Dezembro de 1980, o músico retornava com sua esposa Yoko Ono, de um estúdio de gravação. Quando Lennon dava entrada em sua residência, o Edifício Dakota, em Nova Iorque, um homem de 25 anos chamado Mark Chapman, que no fim da tarde do mesmo dia havia se encontrado com Lennon junto a fãs, e conseguido um autógrafo de Lennon em uma capa do álbum do cantor chamado Double Fantasy. 
     Sacou um revólver e efetuou cinco disparos contra Lennon. Várias fontes afirmam que, antes de efetuar os disparos, Chapman gritou: "Mister Lennon, Mister Lennon!" 
     O primeiro tiro se perdeu atingindo uma das janelas do prédio, porém, os quatro seguintes atingiram em cheio o corpo de Lennon, três deles atravessando o corpo, e um deles destruindo a artéria aorta do cantor, causando severa perda de sangue, e ele caiu na recepção do hotel. O porteiro do edifício desarmou Chapman e chutou a arma para longe, e perguntou a ele: "Você sabe o que fez?". Mark Chapman respondeu calmamente: "Sim, eu atirei em John Lennon." Chapman não tentou escapar e sentou-se na calçada e esperou a chegada da polícia.

     Lennon foi declarado morto ao chegar no hospital St. Luke's-Roosevelt, onde foi constatado que ninguém poderia viver mais do que alguns minutos com tais ferimentos. Antes de declararem sua morte, médicos abriram o peito de Lennon e massagearam manualmente seu coração por vários minutos a fim de restaurar a circulação sanguínea, mas o dano causado aos vasos sanguíneos era muito grande. Além disso, Lennon já havia chegado sem pulsação e sem respirar, e também havia perdido 80% do seu volume sanguíneo, sendo assim declarado que a causa da morte dele foi "choque hipovolêmico".
     
     Após o crime ser noticiado pela mídia, multidões de fãs se juntaram ao redor do Hospital Roosevelt e do Edifício Dakota para prestar homenagem a Lennon. O corpo do cantor foi cremado dois dias depois e sua cinzas foram entregues a Yoko Ono, que preferiu não realizar um funeral para Lennon.

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 Motivo do Crime

     Segundo Mark Chapman, que era cristão, o seu ódio a John Lennon originou-se das várias afirmações do cantor sobre Deus, consideradas por Chapman como blasfêmias. Chapman também era fã dos Beatles, até o dia em que John Lennon fez a infame declaração de que os Beatles seriam Mais populares do que Jesus, em 1966. 
     Amigos de Chapman disseram que isso o deixou enfurecido e ele seguia se perguntando por que Lennon havia dito aquela blasfêmia. E segundo ele mesmo, seu ódio a Lennon aumentou quando o cantor criou a música "Imagine", em 1971, onde Lennon diz que deve-se imaginar que os céus - no plano espiritual - e até mesmo o inferno não existem, conspirando contra os ensinamentos de Jesus Cristo. Mas não foi só isso que enfureceu Chapman na letra desta canção. Mark Chapman disse: "Ele (John Lennon) nos disse para imaginarmos que não existem posses (ou "bens materias", especificamente na frase "Imagine no possessions" da música Imaginee lá estava ele, com milhões de dólares, iates, fazendas e mansões, rindo de pessoas como eu, que acreditaram em suas mentiras, compraram os discos dele e alicerçaram boa parte de suas vidas com as músicas dele."
     Outra música que o deixou enfurecido foi a canção God (do álbum John Lennon/Plastic Ono Band), onde Lennon diz que Deus é apenas um conceito e que não acreditava em Jesus, nem na Bíblia e até mesmo nos Beatles. 
     Chapman disse que após ouvir esta música teve vontade de gritar bem alto: "Quem ele pensa que é para dizer essas coisas de Deus, dos céus (ou paraíso) e dos Beatles, dizendo que não acredita em Jesus ou coisas assim?"
      Chapman chegou até mesmo cantar sua "versão" para a música Imagine: Imagine John Lennon morto... Ele havia anteriormente ido a Nova Iorque, em outubro de 1980, para assassinar John Lennon, mas mudou de idéia e retornou à sua casa no Havaí. Chapman disse que na hora de puxar o gatilho que em seu sangue (ou, dentro de si) não havia emoção, nem raiva. Apenas um silêncio mortal em seu cérebro. E também alega ter ouvido uma voz misteriosa que lhe repetia: "Do it, do it, do it" ("Faça isto!", ou "Mate!") quando John passou por ele.    Chapman também disse em entrevistas que pediu ajuda a Satanás para possuí-lo e assim cometer o crime.


Consequências


Pelo assassinato de John Lennon, Mark Chapman foi condenado à prisão perpétua, com possibilidade de liberdade condicional após 20 anos de pena - a partir do ano de 2000, lhe seria concedido um julgamento visando sua liberdade condicional a cada dois anos. Ele cumpre pena desde 1980 numa penitenciária chamada Attica Correctional Facility, em Attica, Nova Iorque. Sua liberdade condicional foi negada sete vezes (bienalmente, entre 2000 e 2012). Em todas as vezes, Yoko Ono se opôs à liberdade de Chapman, dizendo que a vida dela, dos filhos de Lennon e a do próprio Chapman estariam em risco.


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"Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia."

- John Winston Lennon

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